quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Vias do DF terão mais 100 pardais dentro de três meses
Dentro de três meses, os brasilienses terão de conviver com 100 novos radares de fiscalização eletrônica nas rodovias distritais. O aumento ocorrerá no Eixão e nas estradas parque Taguatinga (EPTG), Núcleo Bandeirante (EPNB) e Indústria e Abastecimento (Epia). A quantidade de pardais subirá de 350 para 450 nos 1,7 mil quilômetros das 80 vias administradas pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER), o que dá uma média de um aparelho a cada 3,7km. Por enquanto, apenas oito novos pardais do Eixão estão em funcionamento, mas o órgão garante que, em 90 dias, os outros 92 estarão em pleno funcionamento.

Para a instalação dos equipamentos, o DER prioriza as vias e os trechos com mais ocorrências de acidentes fatais. No Eixão, por exemplo, oito pessoas morreram no ano passado. Por isso, a quantidade de pardais pulou de 23 para 31. A próxima via a receber mais fiscalização é a EPTG, que terá 35 na pista expressa e 15 nas marginais, totalizando 50 em 12,6km de extensão. A estrada, que custou R$ 306 milhões e foi entregue inacabada à população há mais de um ano com diversas falhas, como no sistema de drenagem pluvial, terá um radar a cada 800 metros, em média. A EPNB e a Epia também terão mais radares, mas o DER não definiu quantas unidades serão instaladas em cada uma.

A medida é controversa. Muitos motoristas desaprovam e, entre os especialistas, há os que defendem a instalação de pardais para conter as mortes no trânsito e os que dizem que, sem vir acompanhada de intervenções sérias nas condições das vias, a decisão servirá apenas para o governo arrecadar mais.

Segundo o superintendente de trânsito do DER, Murilo de Melo Santos, a sinalização que indica a presença da fiscalização continuará nas rodovias, porém os novos pontos não serão comunicados ao motorista. Isso atende à nova Resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), publicada em 13 de dezembro, que desobriga a instalação de avisos antes dos pardais ou barreiras eletrônicas.

Os 100 novos pardais fazem parte do pacote contratado pelo DER em 23 de dezembro do ano passado com a Engebrás. A empresa cuida da fiscalização das vias distritais e ganhou outra licitação. No novo contrato, ela trocará todos os 350 pardais e instalará os outros 100. O órgão pagará R$ 600 mil mensais à firma pelos serviços.

A professora Kaelly Ornelas, 39 anos, moradora da região de Sobradinho e motorista, não concorda. “Não faz sentido encher as ruas de radares se não for para fazer dinheiro. Isso não vai diminuir os acidentes. Tem é que conscientizar os motoristas, não puni-los”, reclamou ela.

Multas
Murilo Santos, do DER, diz que um estudo feito pelo órgão reforça a necessidade de instalar novos equipamentos. “Uma indústria precisa de matéria-prima. No caso de uma indústria de multas, o infrator é a matéria-prima. Se ele não existir, ela não existe. Por isso, para nós, interessa zero multas. As pessoas precisam acabar com essa ideia”, avaliou. Em 2011, o DER emitiu 300 mil multas por excesso de infrações nas vias distritais.

Segundo o professor de Engenharia de Tráfego da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques, as rodovias administradas pelo órgão são expressas e com poucas intervenções, como semáforos. Por causa disso, os novos radares são uma boa alternativa para diminuir os acidentes e a gravidade deles. “Acredito que os motoristas andarão na velocidade da via e perceberão que não perderam tempo cumprindo os limites impostos”, opina.

O especialista em transportes Artur Morais acredita, no entanto, que a medida tem de vir acompanhada de outras ações. “Não existe uma solução única. O aumento da fiscalização das vias por meio dos pardais e dos agentes é benéfico. Mas é preciso investir em sinalização, pavimentação decente, sistemas de escoamento de água e outros pontos que contribuem para melhorar o trânsito”, ressaltou o pesquisador da Universidade de Brasília (UnB).

Para Dickran Berberian, especialista em patologia de estruturas da UnB, os pardais só devem ser instalados em último caso. “Antes disso, o governo tem de tratar os problemas de sinalização e infraestrutura das vias. Sem trabalhar esses fatores, o aumento da fiscalização eletrônica é mais para faturar do que para disciplinar o trânsito”, ressaltou.

 

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