Metroviários do DF decidem manter greve, que já é a 2ª mais longa do país
Paralisação completa 31 dias; BH teve maior greve há 4 anos, com 33 dias.
Governo afirma que só negocia com os metroviários quando greve acabar.
Os metroviários do Distrito Federal decidiram, em assembleia na noite desta terça-feira (10), manter a greve iniciada no dia 12 de dezembro. O sindicato definiu que vai enviar ao governo do Distrito Federal e à direção do Metrô-DF, até o fim da manhã desta quarta-feira (11), um ofício pedindo uma negociação mais efetiva nos próximos dias.Com 31 dias de greve completados nesta quarta, a paralisação é a maior feita pela categoria na capital do país e a segunda maior entre os metroviários do Brasil.
De acordo com o presidente da Federação Nacional dos Metroviários, Paulo Pasin, a maior greve de metroviários ocorreu em Belo Horizonte e durou 33 dias. “Estamos nos aproximando de um triste recorde. Tivemos uma greve em BH que durou 33 dias há três ou quatro anos atrás.”
Diretor do Sindicato dos Metroviários do DF, Anderson Pena de Oliveira afirmou que a postura do Metrô-DF é “irracional”. “É um completo absurdo o que tem ocorrido nesta greve. É um retrato do descaso do governo do DF com o transporte público. Continua nessa postura de não resolver e quem sofre é o usuário. A motivação da greve é descumprimento de um acordo coletivo. É apenas para que a empresa cumpra aquilo que ela disse que ia fazer desde abril.”
“Com uma semana de greve, o prejuízo do Metrô já dava para atender a todas as reivindicações dos trabalhos”, afirmou. Oliveira disse ainda que a maior paralisação anterior ocorreu em 2010, durante 10 dias. “E já foi traumática, tivemos muitos problemas”.
Os grevistas alegam que houve fraude no Plano de Emprego e Salários dos funcionários, reivindicam melhorias no sistema de trens, estações e manutenção, cumprimento do acordo coletivo e igualdade em relação aos benefícios conquistados por funcionários da Companhia de Saneamento do Distrito Federal (Caesb), Companhia Energética de Brasília (CEB) e outras empresas do governo.
O Metrô-DF diz que a greve não tem justificativa, uma vez que toda a pauta da categoria está sendo cumprida desde a última negociação. Além disso, afirma que não seria possível equiparação com outros servidores do GDF porque as atividades têm natureza diferente e fontes de pagamento distintas.
De acordo com o diretor-presidente do Metrô-DF, David Matos, a greve dos metroviários foi deflagrada em um momento inoportuno. Ele alega que o pedido financeiro feito pela categoria no dia 15 de dezembro é ‘inconcebível’. “Todas as contas do governo já estão fechadas [em dezembro]. No mês de janeiro os orçamentos ainda não estão nem aprovados”, afirmou.
Matos também disse que as reivindicações dos metroviários estão fora do contexto do acordo coletivo, que foi fechado em abril de 2011 com a intermediação do Ministério Público. Para o diretor-presidente do Metrô, o ponto dos grevistas deve ser cortado. “Não é justo que os que não estejam trabalhando recebam salário como os que trabalham. Nós avisamos sobre o corte de ponto no primeiro dia de negociação”, explicou.
Nesta quinta-feira (12), os metroviários voltam a se reunir em assembleia, na Praça do Relógio, em Taguatinga.
Sem negociação
Na semana passada, a Secretaria de Administração informou que só volta a dialogar com os metroviários quando a categoria retornar ao trabalho. Segundo a assessoria da pasta, a última proposta de acordo foi retirada e os dias de paralisação serão descontados de forma retroativa.
Na noite do dia 2 de janeiro, o governo do DF apresentou a tentativa de acordo que consistia em começar imediatamente a discussão da data-base, marcada para o fim de março. Em troca, os grevistas voltariam ao trabalho, mas os dias de paralisação seriam descontados.
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